O Aviador e Seu Avião
Hailton Andrade
Hailton Andrade
O Sol surgiu naquela manhã determinando o momento da decolagem, o espaço campestre era animador para um amante do vôo livre. Damião sempre desejara voar eternamente, porém ainda não havia um combustível interminável que permitisse tal feito.
Damião possuía um bi-planador daqueles utilizados na primeira guerra mundial. Era seu companheiro de longa data, pois sempre voara junto a ele. Na hora em que decolava ele exibia um olhar sorridente para os céus como se estivesse agradecendo por poder voar mais uma vez. Assim eles iam, Damião e seu Avião, entre as nuvens escuras de tão transparentes procurando as respostas de todas as perguntas.
Seu Avião tinha história, mas nunca tivera boca para contá-las a seu dono. Damião, por sua vez, tratava o velho bi-planador como um ser racional. Todos os seus segredos foram confessos, todavia nunca ouvira um conselho ou desabafo da máquina.
Aquilo o amargurava, desejava dividir confidências e não apenas expressar. Daí, a manhã gostosa se tornaria feia. O dono do avião queria respostas e faria daquela manhã o momento de tê-las. Começou assim o diálogo de um só, o fim de ambos.
- Bom Dia. – Dissimuladamente falou.
- Tratratratratratratratratratrat... – Funcionava com esse barulho o Avião.
- Vai continuar voando e me ignorando? – Indagou Damião.
- Tratratratratratratratratratrat... – Assim continuava.
- Está no tempo, esperei demais por respostas suas. Tens a chance de esclarecer-me algumas coisas. Porque não começa me contando sobre as suas histórias de guerra?
- Tratratratratratratratratratrat...
O Aviador perguntava e se irritava cada vez mais sem as respostas almejadas. Após alguns questionamentos já gritava com o aglomerado de metal voador.
- Perdoei-te por todos os “assassinatos” cometidos naquela guerra sangrenta sem ouvir de ti alguma explicação. – Sofria Damião.
- Tratratratratratratratratratrat...
- Toda noite antes de dormir penso no que possa ter acontecido e me pergunto por que você não evitou aquilo, tantas mortes. Você tinha o comando, porque não o impedisse máquina?
- Tratratratratratratratratratrat...
- Depois de tantas reflexões eu consegui obter algumas respostas. Você é um assassino!
- Tratratratratratratratratratrat...
Damião cansara de falar sozinho e ficou quieto por alguns minutos quando passava por uma área repleta de montanhas. O Aviador estava ficando louco, pois não sabia o que se passava na suposta mente “assassina” da máquina. Ele amava o bi-planador, fazia parte de sua vida há anos e os momentos juntos sempre foram prazerosos para si. Alguns momentos se passaram e a raiva era gritante dentro do piloto. Amava-o e odiava-o, a decisão do que fazer fora tomada.
- Você não merece “viver”, pois matou. Eu também não mereço viver, pois amo você. Então hei de morrer junto a você! – Disse dramaticamente.
Naquele momento o sentimento de nostalgia já passava pela cabeça do Aviador que atirava o Avião abaixo. A descida era veloz, o motor atingiu seu pico de velocidade. A altitude baixava tão rápido como batia o coração de Damião. A hélice parava e girava fazendo uma brisa leve. Os pneus amorteciam o impacto. Assim o bi-planador sempre pousava e os dois estavam “mortos” mais uma vez.
Damião possuía um bi-planador daqueles utilizados na primeira guerra mundial. Era seu companheiro de longa data, pois sempre voara junto a ele. Na hora em que decolava ele exibia um olhar sorridente para os céus como se estivesse agradecendo por poder voar mais uma vez. Assim eles iam, Damião e seu Avião, entre as nuvens escuras de tão transparentes procurando as respostas de todas as perguntas.
Seu Avião tinha história, mas nunca tivera boca para contá-las a seu dono. Damião, por sua vez, tratava o velho bi-planador como um ser racional. Todos os seus segredos foram confessos, todavia nunca ouvira um conselho ou desabafo da máquina.
Aquilo o amargurava, desejava dividir confidências e não apenas expressar. Daí, a manhã gostosa se tornaria feia. O dono do avião queria respostas e faria daquela manhã o momento de tê-las. Começou assim o diálogo de um só, o fim de ambos.
- Bom Dia. – Dissimuladamente falou.
- Tratratratratratratratratratrat... – Funcionava com esse barulho o Avião.
- Vai continuar voando e me ignorando? – Indagou Damião.
- Tratratratratratratratratratrat... – Assim continuava.
- Está no tempo, esperei demais por respostas suas. Tens a chance de esclarecer-me algumas coisas. Porque não começa me contando sobre as suas histórias de guerra?
- Tratratratratratratratratratrat...
O Aviador perguntava e se irritava cada vez mais sem as respostas almejadas. Após alguns questionamentos já gritava com o aglomerado de metal voador.
- Perdoei-te por todos os “assassinatos” cometidos naquela guerra sangrenta sem ouvir de ti alguma explicação. – Sofria Damião.
- Tratratratratratratratratratrat...
- Toda noite antes de dormir penso no que possa ter acontecido e me pergunto por que você não evitou aquilo, tantas mortes. Você tinha o comando, porque não o impedisse máquina?
- Tratratratratratratratratratrat...
- Depois de tantas reflexões eu consegui obter algumas respostas. Você é um assassino!
- Tratratratratratratratratratrat...
Damião cansara de falar sozinho e ficou quieto por alguns minutos quando passava por uma área repleta de montanhas. O Aviador estava ficando louco, pois não sabia o que se passava na suposta mente “assassina” da máquina. Ele amava o bi-planador, fazia parte de sua vida há anos e os momentos juntos sempre foram prazerosos para si. Alguns momentos se passaram e a raiva era gritante dentro do piloto. Amava-o e odiava-o, a decisão do que fazer fora tomada.
- Você não merece “viver”, pois matou. Eu também não mereço viver, pois amo você. Então hei de morrer junto a você! – Disse dramaticamente.
Naquele momento o sentimento de nostalgia já passava pela cabeça do Aviador que atirava o Avião abaixo. A descida era veloz, o motor atingiu seu pico de velocidade. A altitude baixava tão rápido como batia o coração de Damião. A hélice parava e girava fazendo uma brisa leve. Os pneus amorteciam o impacto. Assim o bi-planador sempre pousava e os dois estavam “mortos” mais uma vez.
7 comentários:
Lindo o texto. Muito bem mesclado o psicológico com as atitudes do personagem.
Parabéns!
Beijos.
Hey, man!
Adorei o texto, ficou muito bom!
Parabéns! :D
Vc tinha me falado do texto, mas eu ainda nao tinha lido. Li agora e gostei muito... curto esse jogo psicológico, faz a gente pensar na história de varias formas diferentes.
=**
Agradabilíssimo o texto, filho - enfim consegui comentá-lo.
saravá!
ja tinha lidoooo
^^
LINDO, absolutamente simples
Obrigada pelo comentário =)
Postei novamente hoje, depois de uma olhada.
Beijão
como vai aviador!!!
olha meu velho, desde já parabéns pelo texto!
respondendo ao seu conments, eu citei dois tipos de visões no meu texto! a conclusão, não só diz respeito ao governo atual!
é uma continuidade do modelo capitalista, sustentado e dado continuidade, sem destreza para com os que realmente não têm uma educação de qualidade. poderia citar dados de muitos anos mas possívelmente posso colocar um trecho para satisfazer, aliviar, sua consternação! abração filho!
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