terça-feira, 3 de novembro de 2015

Palavras soltas e nomes

É verdade sobre os homens
Não estão sempre acordados
São raros os momentos irradiados
Mesmo ontem quando lia
Fui nadar em meio ao todo
Fiquei ilhado por osmose
Sem casa e sem nada
É assim

Hailton Andrade

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Vero

Verdade insolente
Escapada fugaz
Roubada aprazível
Onomatopeia gringa
Nó torto
Ilha sentimental
Ciranda tímida
Alvorada alemã

Hailton Andrade

Expectativa efêmera

Faltam muitas horas
O caminho é largo
Mas eu chego cedo
Embora seja mais um trecho
Aproxima-se algo novo
Cada semana é assim
Tudo é sempre diferente
Não me canso
Ao menos agora
Observo e tento refletir
Me animo e me alegro
Pouco me decepciono
Sempre, todavia, me preocupo
O medo eu não tenho
E quem o tem?
Com ele se convive
Compartilha se quiser
Prefiro a relação discreta
Seguimos rumo ao norte
A busca é por calor
Somos eu e o que sinto

Hailton Andrade

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Divagando

Não é pretensão
Pois digo com razão
Eu sei o que é felicidade

Embora nem sempre a tenha na mão
Vivo plenamente e não em vão
Ignorando a simples adversidade

O difícil não some são
Necessita ser esfarelado como pão
Assim faz o viajante em qualquer cidade

E tenho essa certa predileção
Em dizer mais sim do que não
Me encanta essa coisa de positividade

Hailton Andrade

Lágrimas de um viajante


Me peguei chorando ao mirar a janela do ônibus. O dia estava um tanto frio, chovia lá fora. Minhas lágrimas, entretanto, eram gotas quentes. O choro era um consolo. A saudade, as seguidas despedidas, a emoção de sempre me reencontrar com a surpresa. São essas as razões aparentes. Há algo mais, diria. Só não sei explicar. Pode parecer contraditório, mas o choro, senti, era por tristeza e alegria, irmãs gêmeas que não se parecem em nada. Era como se cada lágrima tivesse seu próprio significado. Quando parou de chover, passei a ver as montanhas e as flores desse princípio de primavera. Parei de chorar. Precisava, mas assim como as sensações desse último mês se comparam como as de um ano, o choro de minutos soam como eternidade. O sorriso tem sido mais frequente. É um alívio, pois assim entendo o quão bem estou nessa jornada. Não uso muito a palavra sentir, mas minha alma conjuga esse verbo de todas as formas a todo momento, de maneira que não preciso usá-lo. Estou livre, sou livre, uma vez que tenho uma rota, mas posso mudá-la. Canso, descanso, digo olá, nunca adeus. Sempre até logo. Aprendi que o reencontro é algo a se buscar na vida. O rever causa uma sensação igual ou similar ao encanto que temos quando criança, quando olhamos algo pela primeira vez e sorrimos. Olho de novo pela janela, enquanto o ônibus segue seu caminho. E aqui, agora, em um quilômetro qualquer, eu paro de escrever.

Hailton Andrade

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Nostalgia ao entardecer

Hoje o sol me chamou
Disse que a rua abriu
E o céu se pronunciou
Junto com mar e rio
Ficou tudo certo
As pedras e a areia
Os pássaros e os peixes
Menos você e eu
Bateu uma saudade
Uma vontade ou desejo
Punta del Este é linda
Imagina você
E você e ela
E nós
E tudo
E nada

Hailton Andrade

segunda-feira, 1 de junho de 2015

As opções de iá iá

Você teima em dizer, iá iá
Aquilo que sequer sabe
Quando na verdade teme

Você me chama de canalha, iá iá
Mas nem me conhece
Ainda assim gosta do que vê

Você ri de mim, iá iá
Sem razão específica
Talvez seja bobagem

Você sorri comigo, iá iá
De alguma forma há graça
Mesmo em tolas palavras

Você pode parar, iá iá
Dizer o que quer
Só dar um ponto final

Você vai escolher, iá iá
São apenas duas as opções
Dá-me ou roubo teu coração

Hailton Andrade

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Bagagem

Na mochila, o necessário
Na cabeça, lembranças
Na barriga, a fome
Nas costas, a responsabilidade
Nos braços, amizades
Nas pernas, os caminhos
No necessário, o pouco
Nas lembranças, vocês
Na fome, a sede
Na responsabilidade, o desgosto
Nas amizades, tudo
Nos caminhos, o mundo
Hailton Andrade