sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Difícil dizer adeus

Vais embora tão já
Foi bom te conhecer
Aguardo teu regresso
É tudo que te peço

Levarás aquele sorriso maroto
Nem pensou no que pode me deixar
Hei de sofrer por um período
Já sei como funciona isso

Jamais pedirei "não vá"
Quem sou eu?
Ainda há muito por saber
Por mim, tu ficavas

Dificilmente iremos nos entender
Não houve tempo
Chances, menos ainda
Sempre tive medo de arriscar

Quem dera fosse fácil
A vida não é
Faltam razões para ser
Resta dizer adeus, vá

Hailton Andrade

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Quem sou eu?

Responder à pergunta "quem sou eu e por que escolhi o jornalismo como profissão?" não é fácil. Tentei duas vezes, nas duas inscrições para o Curso Abril de jornalismo. Falhei na primeira e, segundo os avaliadores, fui bem na segunda. Infelizmente, fiquei na primeira fase. A entrevista até que foi boa, mas não estou entre os 57 selecionados para o curso que será realizado em 2012, na capital paulista. Em parte estou feliz por ter sido aprovado entre mais de 2.600 inscritos, mas admito certa tristeza em ter ficado "apenas" entre os 353. Nem posso mais me inscrever na categoria texto, pois terei mais de um ano de formado na próxima vez. No mais, bola pra frente. Tô novo e a vida é assim mesmo. Posto aqui meu texto para, quem sabe, ajudar os futuros candidatos ao Curso Abril. Boa leitura e boa sorte!

Quem sou eu e por que escolhi o jornalismo como profissão?

De casa avisto um estádio e logo lembro a razão da minha própria existência. Sou louco por futebol, mas não tenho cabeça para apenas um assunto. Boas histórias me agradam, sejam elas importantes ou não. A vida é interessante, na esquina ou no texto. Eu escrevo por impulso e um reles bate-papo pode tornar-se a melhor entrevista. Sou Hailton com H mudo e não tenho outro nome porque meu pai reproduziu o próprio, que já era do meu avô. Minha mãe não discordou. Uso-o seguido do Andrade, pois o acho mais bonito do que o Nunes e impactante em demasia. Por isso, descarto o Neto. Escolhi o jornalismo por paixão pelas coisas mais simples do cotidiano e busco mais dúvidas do que respostas. Quero saber até hoje por qual razão as folhas se suicidam quando amarelas. Acredito que assim entenderei os fracassos mais intrigantes da história das Copas. Incluo nessa lista as derrotas do Brasil em 1950 e 1982, além das vice-campeãs Hungria, em 1954, e Holanda, vinte anos depois. Desvendando tal mistério, terei alguns milhares a solucionar. Não troco uma boa conversa por livros, peças, filmes ou qualquer outro aparato de entretenimento. Falo demais, ouço mais ainda. Reflito toda hora.

O amor ao futebol me levou ao ofício jornalístico. Perna-de-pau que sou, percebi que não teria futuro promissor entre os boleiros. Entretanto, tenho esperança em ser craque na escrita e atualmente jogo na escolinha da vida. Tenho contrato assinado e certo prestígio em um humilde mercado. O objetivo não é vencer adversários, preciso “apenas” conquistar a torcida leitora com foco no trabalho, mas sem esquecer o coletivo. É sempre a gente, nós, todo mundo, juntos. Somente só não dá. E nessa onda futebolística, sou daqueles que mendiga por um lance bonito em qualquer peleja. Assisto partidas do intermunicipal à espera de encontrar alguém melhor do que Messi, uma vez que no futebol profissional, atualmente, é impossível. Se o Barcelona encanta o mundo, certames alternativos também são capazes de me agradar. Bem como minhas rotineiras viagens de casa para o trabalho e do trabalho para casa. São quatro horas entre ônibus e terminais, muita gente e nada do tempo passar. Mas não gosto de reclamar. Esse tipo de coisa resolvemos no instante do querer. Prefiro aprender como aproveitar. Conheço pessoas, descubro um novo pedaço do mundo. Penso na vida sem anotar e esqueço tudo após o desembarque. Presencio manifestações e, na era do smartphone, sinto-me no dever de redigir matéria, enviar para redação e anexar uma galeria de fotos. Tudo em tempo real.

É bom sair da rotina e mudar a trilha sonora no dia-a-dia. Se rola o pagode e arrocha no som dos vendedores de passarela, tenho meus dias de bossa e admito ser adepto também de coisas novas. De alguma maneira, viajo no tempo através da música e tenho preferência pelos anos dourados. A nostalgia é tanta que acredito na reencarnação. Bebo cerveja com amigos, mas gosto de curtir as madrugadas solitárias com vinho. Escrevo poesias, coleciono ingressos de show e eventos esportivos, além de admirar minha pequena reunião de uniformes de clubes e seleções. O do Ypiranga é a minha mais recente aquisição. Tudo nessa vida, creio eu, acaba servindo de certa maneira para prática jornalística. Se não der matéria, dá aprendizado. Essa vontade de abraçar o mundo talvez seja mais uma razão da minha escolha. Não tomei curso para falar de mim. Provavelmente nunca tenha feito tarefa com tal êxito como agora. Se deixei algo por saber, uma entrevista pode vir a calhar. Como dizem na linguagem boleira, estou à disposição.

Hailton Andrade

domingo, 4 de dezembro de 2011

Um pouco de Sócrates

Craque, ídolo, político, inteligente, Brasileiro. Sócrates nos deixa cedo, com apenas 57 anos (1954-2011). Mas em tão pouco tempo de vida, ensinou muito e sempre será um grande exemplo. Bom de bola e bom de papo. Daqueles que a gente nem precisa conhecer pra saber que é um ser humano da melhor qualidade. Todo mundo deveria ter um pouco de Sócrates neste país. Vai com Deus, Doutor!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Dama do acorde

Não podem meus dedos sambar
A ideia é só caminhar
Pelas cordas do meu violão
Os acordes são feitos sem mãos

O mais importante é querer tocar
Minha voz tento afinar
'Prum' dia o show nascer
Logo após o sol morrer

Depois do bate-papo
Me pego tão preocupado
Não com futuro ou sequer passado
Era a dama de cabelo curto

Perguntou com uma palavra
Só um "é" pude responder
Espero poder reescrever esse fim
E por agora é só isso aí

Hailton Andrade

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Idas e rimas

Parece meio clichê
E é
O menor verso que já fiz
E daí?
Indagado, me atrapalho
Então prefiro ser direto
Mesmo que torto e confuso
E digo sempre: me esqueço
Pensava em você quando não podia, penso
Das dezesseis em diante, mergulho nos teus olhos
Caio no escuro, mas entendo tudo
Foi assim hoje, será amanhã
Até que essa ida encontre uma rima
Seja eu ou não

Hailton Andrade

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Aumenta o som e chora

Já não me lembro o que é o amor
Há tanto tempo não sinto dor
Esse sentimento é um horror
Não sentir nada é um castigo

A pena é longa, mas sem motivo
Eu sei que errei, mas muitos pecam
Já estou pronto pra outro dia
Eu quero o fim dessa agonia

Eu não aguento esse vazio
Mas por orgulho, eu não suplico
Só não demore de aparecer, amor qualquer
Pois quero, mais uma vez, poder sofrer

Hailton Andrade

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Minha mão

Alguém um dia me disse
"Nunca perde a mão"
Taí um elogio eterno e terno

Sincero de um jeito leve
Profundo como o silêncio
Tudo isso por causa de uma poesia

Ando até meio parado
Mas vez ou outra resolvo regressar
E aquele comentário sempre vem aqui

Aí me lembro de escrever
A poesia resolve renascer
Será que ainda sei?

Sei lá
Pra quê?
É só escrever

Hailton Andrade

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Na estrada

Na viagem mais longa
Eu perco a vontade
E jamais fico à vontade

Preocupações perambulam no caminho
Atrasam minha chegada

As dores tornam-se constantes
Antes mesmo das surras de palavras

Faltam as lições, quase sempre descartadas

Como tudo, quase
Aí eu quase me mato
Me demito, hesito

Nesse jogo de quases
Só lamento quase amar

Hailton Andrade

terça-feira, 28 de junho de 2011

Com atraso, mas em tempo

O mês de junho não é de João, mas não do São. É sim de João Gilberto, que completou 80 anos de vida no último dia 10. Com tantas coisas para fazer, deixei o blog de lado por uns tempos e esqueci de homenagear ele, que é um dos meus grandes ídolos. Sei que passaram-se cerca de 20 dias, mas é sempre tempo de falar dele. Não fiz nada novo, mas publico aqui um texto que escrevi em 2010 - e adaptei agora pouco - sobre um disco dele que poucos conhecem. Além do meu texto escrito para uma matéria na faculdade, disponibilizo o link para download. Vale a pena conferir!

Melhor disco de 2009 é de um baiano


Não houve lançamento oficial, nem sequer foi sucesso de vendas. Mas "João Gilberto Na Casa de Chico Pereira" é o melhor disco de 2009. Com canções que o inventor da Bossa Nova viria gravar apenas no século XXI, este álbum nasce de uma gravação amadora de 1958, que só caiu na rede mundial de computadores e nas graças dos fãs da boa música no ano retrasado.

O clima é intimista. O juazeirense João Gilberto interpreta como se estivesse aprendendo as músicas, algumas ele até repete, buscando sempre a perfeição. É um show improvisado e pronto. Na casa do seu amigo fotógrafo, ele conversa após certas execuções. A gravação já é uma amostra daquele disco que se tornaria um dos mais importantes da música mundial: o "Chega de Saudade", lançado no ano seguinte a tal recordação rara.

O som é meio distorcido, mas isso não atrapalha o ouvinte nostálgico que terá chance de escutar canções inéditas na vox silenciosa de Joãozinho. Entre elas, "João Valentão", de Dorival Caymmi, "Chão de Estrelas", de Orestes Barbosa e Sílvio Caldas, "Mágoa", de Tom Jobim e Marino Pinto, e "O Bem do Amor", de Carlos Lyra.

São 38 faixas, divididas entre músicas e bate-papos. A gravação nos leva aos primórdios da Bossa Nova, já que é possível ver semelhança além da batida, mas na melodia, em algumas músicas como "É Luxo Só" e "Saudade fez um Samba". É uma prévia de tudo que aconteceu nos mais de 50 anos do movimento musical iniciado no Rio de Janeiro. Até pelo fato de dez das 12 faixas encontradas no "Chega de Saudade" estarem presentes no registro, que com dificuldade chamo de amador.

Bem, ninguém sabe quem guardou esta raridade por tanto tempo. E daí? Fato é que caiu na web em fevereiro de 2009, aos poucos - é, pois as faixas foram aparecendo uma a uma-, e não é difícil encontrar para baixar, ou se achar melhor, fazer download. Certamente, João Gilberto não permitiria a publicação deste álbum em CD ou qualquer mídia, pois não acompanha a qualidade de som pela qual ele tanto preza. Só que não adianta. Ele é um gênio, mas não pode tudo. Por isso, os reles mortais agradecem ao milagre que é a internet e curtem aqueles momentos novos e velhos.

LINK PARA BAIXAR O DISCO DE JOÃO "NA CASA DE CHICO PEREIRA"

terça-feira, 31 de maio de 2011

Latino que inspira

Às vezes me pergunto quantas causas posso abraçar durante a minha vida. Mesmo vivendo 100 anos, não acho que vá conseguir executar tudo aquilo que projeto. As ideias muitas vezes surgem e desaparecem como uma poeira no vento, graças ao triturador chamado tempo. Decidi que devo escolher alguns objetivos, fazer um tipo de lista de prioridades, e tentar alcançá-los um a um, até que o dia de deixar este plano chegue.

Entretanto, é muito difícil, uma vez que o ânimo é dominado pelo momento. Posso começar e parar pelo caminho, mas retomar algo futuramente. Se fosse para dizer qual o meu sonho agora, seria simples expor: quero organizar minha vida. Enquanto nada disso se concretiza, vou levando, esperando cada sexta-feira e pensando quando é que tudo vai mudar.

Durante esse transe diário, levo comigo alguns livros, que serão ou não lidos. Mas há um pensador que me fascina e faz-me pensar ser possível abraçar todas aquelas causas que me dão na telha. Eduardo Galeano, 70 anos, uruguaio, jornalista e escritor.

Não posso dizer que sou um profundo conhecedor de sua obra, mas digo com convicção que jamais desgostei de alguma linha escrita ou dita por ele. Futebol ao Sol e à Sombra, As Veias Abertas da América Latina, O Teatro do Bem e do Mal... Leituras que não envelhecem com o passar do anos.

Cada parábola de Galeano me faz pensar. É demais para um jovem de 21 anos assimilar, será que um dia chego lá?! Não digo ser igual a ele ou alcançar certo ponto na carreira, mas pelo menos saber olhar o mundo nos detalhes e guardar para meus netos histórias que contam como esse lugar chamado Terra tinha, tem e terá tanto a oferecer.

Não era para esse texto ficar tão extenso. Na verdade, eu queria apenas postar o vídeo abaixo que mostra um pouco desse grande pensador uruguaio. É um programa chamado Sangue Latino, que foi ao ar no Canal Brasil, gravado em 2009. Bem, é só!

domingo, 22 de maio de 2011

Não diga

Más impressões nem sempre
Vez ou outra a gente mente
É pra não estragar com realidade

Sabido é aquele sincero enganador
Qual não machuca
Dono da dona astúcia

Exagerando ou mentindo
Sendo si próprio a quem vê
Um mistério ao se descrever

No fundo, algo é verdade
A mentira copia a realidade
Até a vida engana

Hailton Andrade

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tortura de Saudade

Há exatos quatro meses, meu avô materno, Antonio Ferreira, deixava este plano para se juntar ao ídolo dele - Waldick Soriano - em algum canto do céu, onde minha avó Sebastiana o esperava para bailar eternamente sob o som do romântico, e não brega, músico baiano nascido em Caetité. Para meu avô, Waldick era "o melhor cantor do mundo".

Segundo seu Antonio, pernambucano de fé, que só deixou de ir para igreja por motivos de saúde, um cantor precisa ter uma voz grave, forte, para ser bom. "João Gilberto tem uma voz pequenininha", dizia ele, reduzindo aquele que é um dos meus ídolos. Nunca me importei, afinal, Waldick também é nome constante na minha playlist. Um beijo vô... Essa simples homenagem é tua, visse?!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Heroes are hard to find"

Você sabe porque na Holanda a camisa 14 é tão importante quanto a 10 no Brasil? A explicação está no vídeo abaixo, que traz uma compilação de jogadas do principal atleta da história do futebol laranja.

Johann Cruyff é, inclusive, um dos responsáveis pelo futebol apresentado pelo Barcelona atualmente. O estilo de jogo que reúne passes curtos e uma equipe compacta, que ataca e defende na mesma proporção, o futebol total, foi criado (dizem por aí) pelo ex-técnico Rinus Michels e apareceu para o mundo com a seleção holandesa, na Copa de 1974. O craque da camisa 14 defendeu o Barça e durante anos os holandeses povoaram a equipe catalã. Eles sumiram de lá momentaneamente, o estilo não.

"Você sabe o que é ter um amor?"

Conheci as músicas de Lupicínio Rodrigues em meio a uma brincadeira. Chacota na faculdade, quando o amigo Michell Almeida citava nomes de grandes compositores desconhecidos da grande maioria da nossa estranha turma de jornalismo, lá pelos idos de 2007. Eu, curioso que sou, comecei a pesquisar e me encantei com canções fantásticas, como essa aí debaixo. Vale a pena ouvir a história contada por Paulinho da Viola e o som genial!



O melhor sempre tem que ficar para o final, né?! Agora você vai assistir ao próprio Lupicínio cantando e contado a história de "Nervos de Aço". Play!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Música adequada

Acho que "Você já foi a Bahia?" de Dorival Caymmi é uma boa pedida para esta sexta-feira santa. Nada com religião ou por causa do feriadão, mas só pelo vatapá e caruru, que comi na casa da minha querida avó Zazá agora a pouco. Estavam ótimos. A versão da música é de João Gilbero, em show no Rio de Janeiro no ano de 2008. Vi a mesma apresentação, só que em Salvador. Ê lembrança boa...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Relâmpagos de amor

O céu, perdidamente apaixonado, dispara centenas de piscadas para terra à noite. Mas ela, resistente, pois calejou-se ao ser pisada diariamente, nada retribui e segue firme, seca ou molhada. Nada são chuva e trovoadas.

Hailton Andrade

Vício um tanto "mambembe"