quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Morena-Ruiva

Quando a sutileza bate a minha porta
Procuro ser gentil
É como atender uma Morena-Ruiva
Que tem sorriso raro

Se é pra fazer eu largo
Valeu... Valeu...
Com ela saio
E não volto mais

O sentido de uma praia
Um sol e a lua sem a Morena-Ruiva
Não há, não dá
Não há

Hailton Andrade

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Samba que conta

Eu não terminei de escrever o nosso amor
Tem momentos tristes
É normal, é um casal

Este samba não acabou
Ainda tá pra começar
Com toda emoção que tem a praia e o violão

O sol apareceu, mas o milagre não é meu
Fez o temporal passar
E o nosso clima esquentar

É na bossa, é na vida que vamos caminhar
Se você me sorri
Eu tenho tudo pra te dar

Formosa como és, minha namorada
Ganho um olhar e posso chorar
Coisas de alegria passarei a sonhar

Há muito a acontecer na vida
Sem você, eu acho que nada terá graça
Contigo nesta esfera chamada Terra eu sigo

São tantas coisas
Como eu disse
Eu não terminei de escrever o nosso amor


Hailton Andrade

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sem se pôr

Vou cansado à capital
Encontrar o meu amor
Não há como impedir

Sou forte, apesar da carne que me falta
Resisto fielmente ao fato
Preguiça só tenho pra estudar

Até leio e anoto os dias sem pôr-do-sol
Era dia de finados
Respeito, guri

Nem bebi, só me embriaguei
Que beleza de xodó
O universo se curva

Pega meu cobertor e se enrola
Enquanto nos olham namorar
Beijos cá e lá

Hailton Andrade

domingo, 22 de novembro de 2009

Sai da boca

As vezes a gente diz demais
E fala o que não quer
Sabendo aquilo que não quis
Ouvindo alguém contar

Trocando verbos de lugar
É que eu não sei conjugar
Sem entender o conto de desabafar

Mas tô aí e aqui
No meu e seu silenciar
Pensando em falar
Pra dizer algo sobre o amor

Hailton Andrade

quarta-feira, 22 de julho de 2009

6 de Julho de 2009

É, companheiro
São 20 anos de vida
Não é brincadeira, não

Em todo esse tempo, muita coisa boa me aconteceu
Ruim também
É a beleza da imperfeição

Ademais, coisas passam
Sejam elas ruins ou boas
O aprendizado e as lembranças é que ficam

No entanto, fiz uma limpeza no meu ‘HD’
Esqueci tudo de negativo
A pasta tava cheia
Pra que mentir?

Mas algo me chamou à atenção
Na pasta da alegria, o último ano da minha vida está absoluto
Não que os arquivos sejam ordenados por data
Eu não gosto dessa classificação
Afinal, há anos o meu Bahia não é campeão

Tá tudo em ordem alfabética
E a letra C domina boa parte do espaço rígido
Sensível também, porque não?
Não há máquina pra durar 20 anos tão bem
Como o um sonhador de verdade

Hailton Andrade

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Do jeito que ninguém quer

Penso como seria
Caso houvesse tentado
Recusado o que me foi dado

Tive momentos felizes, eu sei
No entanto, nada é o bastante
Diante de mim, há mágoas de arrependimento

Talvez eu fosse feliz do outro lado
Ao menos, menos triste
Ou tudo ao contrário

A vida só se define em clichês
É por isso, meu amigo
Que todos vão continuar sem saber

Um samba-canção pode até me acalmar
Uma bossa, quem sabe
E um forró, porque não?

Na minha terra se come pouco
Com muita gratidão
Parece que sou diferente

Como pouco do pouco
E demonstro total insatisfação
É que não consigo viver só de pão

Hailton Andrade

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Explicar, não dá

Poeta de olhos fechados
Mal acordei de um sonho bom
A noite, sua presença

No dia em que a lua se enchia
Tentava se esconder e não ver
Ela nos queria sós

O mundo parou, as orquestras se calaram
Ninguém exaltava nada
Éramos Adão e Eva de novo

Um quarto fechado
Poluído com a beleza do amor
Com a conversa do silêncio

Sua pele à meia-luz
Meus olhos ao natural
Fomos o devidamente ser

Eu disse tudo, menos teu nome
Entoado em cada batida
Do meu coração ou suspiro no ar

Hailton Andrade

segunda-feira, 30 de março de 2009

Tempo cutucado

Amor, cutucastes meu coração
Hoje fazes parte da minha história
Meu amor, tu és minha
Sois teu, somos de cada um

Estou vivendo sem hora
É, amor, meu tempo é seu
O relógio aponta para o teu
Coração, sei não, é você

Parece que a canção
De você, apareceu
Escrevi com tudo seu
Sem pensar, me entreguei

Se amei, não vou saber
Chorei de saudade, entender
Um amor surgiu em mim
De você, para você, amor

Hailton Andrade

domingo, 8 de março de 2009

Soneto do 8 de Março

Se choram, se sorriem, se beijam, se somem
São infinitamente belas
Na alegria ou na tristeza
É sempre possível notar beleza

Seres lindamente puros
De pele lisa ou tesa
São meus amores
São meus salvadores

Viver sem não é viver
Engrandecem o que chamamos de vida
Tudo é ruim demais sem a presença delas

As mulheres não desvendo
Apenas sei que estão ai
Só preciso saber como amá-las

Hailton Andrade

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

As Minhas Únicas Mulheres

Uma linda
Outra chorona
Faz-se de vítima
E intimida

Gosta de música
Assiste a filmes
Se cala e fala
Tímida e calada
Mas a falante

Em momentos me ama
Noutros me destrata
Me esquece
É uma bala

Me mata
É um anjo
Leva-me
Não traz

Vai
Volta
Ama
Se corta

É sempre a mesma
Minha única
Com todas

Hailton Andrade

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Soneto Desequilibrado

Sempre fui tão sozinho, meu amor
Não fosse a companhia da labuta, o que poderia ser?
Ninguém suporta tanto sofrer
Alguém pra chamar de bem

Com ardor, todo amor dar sem dó nem dor
Um coração exaustivo
Em plena escravidão clamando por abolição
Ebulindo como um vulcão em erupção

Um amor prestes a se libertar
Não tema se entregar, pois assim não há amor
Só ama quem se dá sem dó nem dor

É, meu amor
Como amo e não sei viver sem ser amado
Com calor

Hailton Andrade

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Mané


De Manoel para Manel
De Manel para Mané
São passes dele pra ele mesmo
Num gingado das suas pernas tortas

Correndo pela beirada torta do nosso litoral
Virou paixão nacional
Todos são Manés, eu sou Mané
Mas só há um Mané

Não o Manoel português
Não o Manoel padeiro
É o Manoel que tratam Garrincha
É o amor da bola e dos campos

A paixão inabalável e imortal
Velho e mal das pernas, ainda tortas
Tirou sorrisos às custas do próprio sofrimento
Pobre homem torto, o anjo endiabrado

Era feliz com a bola, pois só ela o entendia
Ninguém mais saberia
Bebeu, fingiu, amou, jogou
Era um pássaro que voava sem se preocupar

Foi caçado e hoje está extinto
Só podemos ouvir seu canto através de contos
Pobre Manoel, Manel, Mané
O pássaro Garrincha

Hailton Andrade