Sou um mentiroso
E quem não é?
Minto até com uma laranja na boca
Basta escrever ao invés de falar
Pensei em mudar meu modo de proceder
Mas a solidão passaria a doer mais
Já machuca saber quem sou
A verdade é que só há mentira
Não que isso seja ruim
O que seria desse mundo sem a fantasia?
Quem dera nossos problemas fossem ficção
A noção de realidade precisa ser controlada
De maneira que haja equilíbrio
Entre o que é e o que poderia ser
Nem sempre é como queremos
Ou melhor, quase nunca é
É um trabalho do pensar
Que deve considerar a experiência
O passado tem seus defeitos
O futuro não é tão ruim assim
Presenteie-se com o presente
Não pule etapas, deixe a vida passar
Vai passar, queira ou não
A verdade é que a mentira é essencial
Ou todos mentem, ou ninguém mente
Alguém, numa época qualquer, decidiu pela primeira opção
Há como mudar?
Mentiria se dissesse que creio nisso
Dessa vez fico com a verdade de acreditar na mentira
Afinal, sou uma farsa, como muitos por aí
A verdade é que sinceridade tem dosagens de omissão
Omissão, aliás, parceira da mentira
Amigas de longa data, amantes de muito tempo
E não há quem possa saber o que digo aqui
Se uma, várias ou nenhuma mentira
Como já disse, sou um mentiroso
A confusão está feita
Jamais desfeita
As palavras sequer são minhas
A língua, muito menos
Pois é, mentir ou dizer a verdade?
Antes de tudo, saber do que se trata
Mas como, com quem, onde, quando?
Sou mentira ou verdade ou mentira e verdade
Ou nada disso
A verdade é que cansei
Muitas linhas se passaram
Versos, em caso de poesia
Só mais uma mentira, por favor
Queria mesmo é terminar logo o texto
E não encontrei um final adequado
Vai assim mesmo, coragem
Do cansaço, da preguiça
Da falta de ideia, do descaso
Coisa de quem não mentiria
Não há necessidade, é claro
Hailton Andrade
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