sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Quem sou eu?

Responder à pergunta "quem sou eu e por que escolhi o jornalismo como profissão?" não é fácil. Tentei duas vezes, nas duas inscrições para o Curso Abril de jornalismo. Falhei na primeira e, segundo os avaliadores, fui bem na segunda. Infelizmente, fiquei na primeira fase. A entrevista até que foi boa, mas não estou entre os 57 selecionados para o curso que será realizado em 2012, na capital paulista. Em parte estou feliz por ter sido aprovado entre mais de 2.600 inscritos, mas admito certa tristeza em ter ficado "apenas" entre os 353. Nem posso mais me inscrever na categoria texto, pois terei mais de um ano de formado na próxima vez. No mais, bola pra frente. Tô novo e a vida é assim mesmo. Posto aqui meu texto para, quem sabe, ajudar os futuros candidatos ao Curso Abril. Boa leitura e boa sorte!

Quem sou eu e por que escolhi o jornalismo como profissão?

De casa avisto um estádio e logo lembro a razão da minha própria existência. Sou louco por futebol, mas não tenho cabeça para apenas um assunto. Boas histórias me agradam, sejam elas importantes ou não. A vida é interessante, na esquina ou no texto. Eu escrevo por impulso e um reles bate-papo pode tornar-se a melhor entrevista. Sou Hailton com H mudo e não tenho outro nome porque meu pai reproduziu o próprio, que já era do meu avô. Minha mãe não discordou. Uso-o seguido do Andrade, pois o acho mais bonito do que o Nunes e impactante em demasia. Por isso, descarto o Neto. Escolhi o jornalismo por paixão pelas coisas mais simples do cotidiano e busco mais dúvidas do que respostas. Quero saber até hoje por qual razão as folhas se suicidam quando amarelas. Acredito que assim entenderei os fracassos mais intrigantes da história das Copas. Incluo nessa lista as derrotas do Brasil em 1950 e 1982, além das vice-campeãs Hungria, em 1954, e Holanda, vinte anos depois. Desvendando tal mistério, terei alguns milhares a solucionar. Não troco uma boa conversa por livros, peças, filmes ou qualquer outro aparato de entretenimento. Falo demais, ouço mais ainda. Reflito toda hora.

O amor ao futebol me levou ao ofício jornalístico. Perna-de-pau que sou, percebi que não teria futuro promissor entre os boleiros. Entretanto, tenho esperança em ser craque na escrita e atualmente jogo na escolinha da vida. Tenho contrato assinado e certo prestígio em um humilde mercado. O objetivo não é vencer adversários, preciso “apenas” conquistar a torcida leitora com foco no trabalho, mas sem esquecer o coletivo. É sempre a gente, nós, todo mundo, juntos. Somente só não dá. E nessa onda futebolística, sou daqueles que mendiga por um lance bonito em qualquer peleja. Assisto partidas do intermunicipal à espera de encontrar alguém melhor do que Messi, uma vez que no futebol profissional, atualmente, é impossível. Se o Barcelona encanta o mundo, certames alternativos também são capazes de me agradar. Bem como minhas rotineiras viagens de casa para o trabalho e do trabalho para casa. São quatro horas entre ônibus e terminais, muita gente e nada do tempo passar. Mas não gosto de reclamar. Esse tipo de coisa resolvemos no instante do querer. Prefiro aprender como aproveitar. Conheço pessoas, descubro um novo pedaço do mundo. Penso na vida sem anotar e esqueço tudo após o desembarque. Presencio manifestações e, na era do smartphone, sinto-me no dever de redigir matéria, enviar para redação e anexar uma galeria de fotos. Tudo em tempo real.

É bom sair da rotina e mudar a trilha sonora no dia-a-dia. Se rola o pagode e arrocha no som dos vendedores de passarela, tenho meus dias de bossa e admito ser adepto também de coisas novas. De alguma maneira, viajo no tempo através da música e tenho preferência pelos anos dourados. A nostalgia é tanta que acredito na reencarnação. Bebo cerveja com amigos, mas gosto de curtir as madrugadas solitárias com vinho. Escrevo poesias, coleciono ingressos de show e eventos esportivos, além de admirar minha pequena reunião de uniformes de clubes e seleções. O do Ypiranga é a minha mais recente aquisição. Tudo nessa vida, creio eu, acaba servindo de certa maneira para prática jornalística. Se não der matéria, dá aprendizado. Essa vontade de abraçar o mundo talvez seja mais uma razão da minha escolha. Não tomei curso para falar de mim. Provavelmente nunca tenha feito tarefa com tal êxito como agora. Se deixei algo por saber, uma entrevista pode vir a calhar. Como dizem na linguagem boleira, estou à disposição.

Hailton Andrade

Um comentário:

Renata disse...

Ah, ótimo mesmo o texto. Chato é que às vezes a gente precisa expressar mais o que os outros querem ler do que o que realmente somos e temos vontade de escrever...
Beijo!