quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Silenciosamente

Escrevo essa música pra você
E toco no meu violão sem cordas
Pois sem pestana
Já que a letra não tem samba

É o amor sem barulho
A calmaria que silencia
Sem palavras a dizer
Tudo a ser dito, foi
Restam-nos olhares

Hailton Andrade

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Mudanças a vir

Eu que sempre fui tão certo
Diferente e coerente
Hoje me tratam de gente
Sim, eu também erro

Na busca por explicações
Esqueço de tudo
Ou não lembro de nada
São tantas classificações
Perdi minha vida pacata

Chorar, sofrer, fazer
Me dói machucar
Vivo magoando

Um tal de Cartola me disse
‘Todos erram nesse mundo
Não há exceção’

Mas afirmo
Nunca foi essa minha pretensão
Apenas sigo essa mocidade sem norte
Assim chegaremos à morte

Contudo, mudarei meu rumo
Comprei outro mapa
Vou-me embora

Encontrarei o amor
Preciso chegar logo
Tenho muita vergonha e humilhação
Perder de novo, não

O medo tem ditado meu caminho
E escolhido minhas escolhas
Sem me deixar não escolher

Muito tempo passou
Cresci e não cai
Meus prantos precisam de consolação

Está decidido, foi fácil demais
Agora é só alegria e amor
Com todo o pudor
Eu vou que vou
Só não posso ir sozinho

Hailton Andrade

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Samba ou Bossa de Duas Notas (CEP)

Samba essa minha bossa de duas notas
Feita só de Mi e lá
As notas do milagre, Mila
Não me largue, me leve lá

Quatro turnos tardios
Numa rua teatral
Entre a música e a poesia

Onde duas notas fazem o sol de Itapuã brilhar
Na casa do nada antes do três
Eu assobio Mi, lá, Mi e lá
Dizendo tu a flauta para te tocar

Criei a quarta nota e eliminei o fá
Agora só canto vem Cá, Mi e lá
Pra dizer em cinco tons que sou só seu Tom

Hailton Andrade

domingo, 12 de outubro de 2008

O Libertário

Estou cansado
Farto de tanta hipocrisia
Ruim é ficar de fora

São orgias e rodas
Para o consumo de drogas
Corrupção faz parte (para eles)

Tentaram me enganar
Me pagaram sem eu saber
Também por isso não vou aceitar

Quem um dia me ensinou
Vai sofrer sem meu perdoar
Pátria sem valor

A voz do brasil é palavrão, arroto e sermão
Causando, sempre, desgraça para multidão masoquista
Os sádicos atendem a maioria que gosta de se mutilar

Eu não vou pagar
A conta é de quem não toma conta
Aqueles que pagam sem saber que estão a pagar

Rindo à toa feito trouxa
Vendo filho chorar
Sem poder o próprio dinheiro tomar

Por tudo, todos e mais
O ser humano é desumano ao falar
Triste e merecedor

Suicidas nunca têm motivo
Mas estão certos
Só a morte para libertar

Hailton Andrade

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Pseudo-poeta

Ele escreve constantemente
Quase sempre o que sente
E faz alguns lerem

Todos gostam de tudo
Mas ficam sem saber o que ele quis dizer
Assim mesmo o elogiam

Ele gosta e continua
Talvez aprenda um dia
Provavelmente não vai mais saber o que sente

Hailton Andrade

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dias e Dias

Bom dia
Acordar cedo é ruim
Mas também é bom
Só não é opção

Ver o nascer do sol
E o morrer da lua
Que renascerá

Todos os dias se vão
Parece tempo cachorro
Só latidos sem reflexão

Dormir tarde é bom
Mas também é ruim
Só não é obrigação
Boa noite

Hailton Andrade

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Uma Mulher

Quem é essa?
Faz-me sorrir e sonhar
E tira meu sossego

Uma libriana especial
Sem a qual não encontraria a Cidade do Sol
Lugar levado a ela por mim

Nas tardes em Itapuã
Caminhadas de mãos dadas na areia
Olhares, beijos e conversas

Apenas duas primaveras ainda incompletas
Amor que não é de verão
Certamente de toda estação

Hailton Andrade

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

De Rosa

Cor que me preenche
A mesma qual desprezo
Com medo e arrependimento

Nela me encontro
Sem ela despedaço
Odeio sofrer

Dúvida freqüente
Antes eu fazia
Hoje me fazem

Não choro
O alfabeto me nega o amor
O verdadeiro

A rosa veio de rosa
Roseei por alguns segundos
Nunca usei rosa

Hailton Andrade

domingo, 27 de julho de 2008

Sentimento dúbio

Se eu pudesse te dizer aquilo que sinto
Seria a mais pura razão
Num momento só de emoção

Não consigo me entender
Minha vida tem sido assim desde meu primeiro amor
Se é que tive um

Acredito que houve
Um aqui
Outro ali

De segundos até
O mais longo com você
Distante do meu pensar

Não consigo enxergar
Não posso magoar
Só queria compreender

Desisto ao lembrar das outras coisas que não sei
Como a música de João Gilberto
E a tristeza feminina que me deixa feliz

Hailton Andrade

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Meu Ciúme

Sentimento interminável
Sempre inacabado
Sem sentido para alguns

Ninguém me diz me dê
Todos pedem para que deixe de lá
Porém, não consigo tirá-lo de cá

Gelado com o frio da metade
Com calafrios ao imaginar
Certas coisas sabem irritar

É meu ciúme
Ele dela, delas
Não há

Hailton Andrade

domingo, 15 de junho de 2008

Canção do Perdão

Ontem fui o homem que não quero ser
Deixei parecer desconhecer-te
Fiquei triste

Queria te dar bom dia
Sendo o homem do perdão
Pois não consigo me perdoar

Ouvimos música e nos beijamos
O álcool me cegou
Faça-me enxergar novamente

Não consigo sem você
Sozinho sou a mais pura solidão
Esperando um ônibus que não vou pegar

Quero reparar
Ser reparado
Parado para recomeçar

Esta canção sem melodia
Na mais imensa (sincera) pretensão
Só quero teu perdão

Hailton Andrade

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Perna de pau

Ela me travou
Fui impedido por lembrança
Me remeti a ela como quase todos os dias

Sinto contar apenas com duas companhias
Mas o palhaço se equilibra numa roda só
E o uruguaio me fascina com palavras

Futebol romântico
Preferiria a ingenuidade aparente

A labuta foi assimilada
Os que fingiam gostar de mim
Não mais o fazem

Escutar Israel me faz pensar o contrário
Se ela me ligasse, talvez mudasse
Quero voltar aos canyons

Hailton Andrade

terça-feira, 1 de abril de 2008

Manhã de Lua e Sol

A lua brilhava belamente naquela noite
Não apenas refletia a luz solar
Tinha rara luz própria
Mantida indigenamente por um ritual

Apaixonante

Perdurou até a manhã seguinte
Que beijo recebi, senti
Lua e nascer do sol
Só ela

Hailton Andrade

terça-feira, 25 de março de 2008

Maria do Céu

Sua beleza azul alaranjada
Roda o mundo
O espaço, o Céu

Vôo pelo Céu
Vou pra Céu
Céu da boca

Essa atraente Lenda
Passando pelo afrobeat
É Bobagem, eu sei

Vôo pelo Céu
Vou pra Céu
Céu da boca

Lindo, linda
Musicalmente Rainha
Véu noturno, enlouqueço em casa

Hailton Andrade

domingo, 9 de março de 2008

Moacir Barbosa

Barbosa
Cruz-maltino
Negro

Morreu infeliz
Aquela bola não esqueceu
Pois um silêncio fez-se ouvir

Como um zoombido
Marcou sua vida
Que infeliz

Barbosa
Cruz-maltino
Negro

Barbosa injustiçado
Inocentemente culpado
Fez milagres não lembrados

Se todos pulassem com você
Ghiggia marcaria mesmo assim
Aquilo havia de acontecer

Barbosa
Cruz-maltino
Negro

Porque não Nilton?
Porque não Friaça?
Barbosa injustiçado, Barbosa goleiro

Mesmo não querendo
Sempre lembrado
Moacir Barbosa

Hailton Andrade

quinta-feira, 6 de março de 2008

Maravilha Inconcebível

Enquanto ela entrega-se a mim
Me dá seu carinho, amor e corpo
Desejo a outra
Que detém a atenção de todos
E não dá atenção pra ninguém

Hailton Andrade

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Amando

Saber amar
Chorar por um amor
Mas nunca se viu

Qual a sina de uma mulher?
Amar, ser amada
Sofrer até amar

Felicidade, há de chegar
Sofrimento não tem fim
Mas amar compensa

Se fosse difícil entender
Não é, é sim indescritível
Só ame por amar

Mas se amar diga
Não a mando
Mas amando

Hailton Andrade

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O Sorriso

Sou um mendigo
Não o nego
Fotografam a alma

Tem o antigo
Quem pode esquecer?
Belo e encantador

O lírico deixa-me poético
Feliz e falso sincronizam
Será que há o melhor sorriso?

Sei que o feminino fascina
E depois de tanto mendigar
Sou poeta a sorrir

Hailton Andrade

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Espero Viver

Sou errante
O carnaval a me sorrir
Eu aqui sem retribuir

Estou no topo do silêncio
Em busca do som
Que o bater do coração faz

Sinto um beijo desértico
Vê-se um lírio
Recém surgido, magnífico

A melancolia não sai de mim
Mesmo com beleza logo ali
Esperar não é viver

Hailton Andrade

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Solidão a Dois

Estava lá, ela chegou
Falei, sorri, senti
Ela me sorriu
Sorriso antigo, encantador

Um sorriso pra mim
Que me fez retribuir
Senti, sorri
Libertou-me da dor

Depois de tanto tempo o sentimento não mudou
O que era pra ser 15 foi 18 e amargou
O que era pra ser 15 foi 18 e magoou

Dor que não demora a regressar
Dor de estar ilhado
Dor sólida
Solidão

Solidão sem paz
Solidão ímpar
Solidão a par
Solidão a dois

Depois de tanto tempo o sentimento não mudou
O que era pra ser 15 foi 18 e amargou
O que era pra ser 15 foi 18 e magoou

Só ela me deixa assim
Nem uma outra me faz sentir
Nem vai fazer
Jamais

Hailton Andrade

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Ben Mau

Que preguiça é essa?
Ela que existe
Só é mal compreendida
Ela que é mau

Me deleita e não me faz ejacular

Me prende na cama
Graças a ela sou tratado como rei
Os súditos clamam a favor do baiano que é o que dizem lá
Sem notar que são baianos também

Que preguiça é essa?
Ela que canta
Só é mal compreendida
Ela é mau
Bem mau...

Sua imagem estereotipada é mal explicada
Ao ponto de me fazer ter preguiça de explicar
Pois o carnaval é vindouro
E traz consigo a certeza de que até a quarta não haverá preguiça
É certo que após a obrigação gozarei o sono dos justos
No dia seguinte a história pode mudar

Surgindo uma neo-prolífica preguiça
Ou achando que madrugar é preciso
Posso tornar-me um grande escritor de um mambembe best-seller
E enfim declarar o meu amor pela menina pouco cobiçada

Talvez beije o rapaz de casaco laranja
Absinto parece-me bom

Ao som versátil que só a simpatia malemolente faz
O chover da chuva gerou-me preguiça
Que preguiça é essa?
É ela que dança
É ela que me faz dançar.

H.A. & M.A.

PS: De dois preguiçosos que idolatram o Ben.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Carta jamais enviada

Minha amada *******,

Esta é uma história sobre um presente que não pude te dar. Um objeto que diz eu te amo dando voltas através de todo oceano. Algo singelo e pequeno, mas afável como você. Eu sinto ser real, mas sinto não existir sem a realidade de você no meu coração. Juntos somos lenda, esse paradoxo me entristece e já não sei o que fazer. Nunca muda, nunca mudou. Sempre me balançou. Enquanto você não me olha, eu amo o que te amo e o que gostaria de te ver me amar. Amo cegamente com displicência, pois meu coração anestesiou minha razão. Amo completamente, sem deixar um vazio sequer. A ansiedade para te entregar esse objeto que diz eu te amo continua como a de anos atrás. Entregando-te um dia, espero ver sua singeleza no olhar, mesmo sabendo que nada mudará. Amando-te como nunca alguém amará e você nem a me olhar.

Hailton Andrade