quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Sobre sorrisos em tempos difíceis

E quem imaginaria
Qualquer que fosse o dia
Ter que argumentar
Contra esses impropérios
Ditos por bocas sujas
Em esquinas antes vazias

O grito ganhou voz
Enquanto diálogos caíram
Farpas são nostalgia
Agressões as intimidam
Mesmo dores doídas
Se escondem sob aflição

A autoconsciência cala
Percebendo o perigo ao lado
Mas há brechas por aí
É preciso acreditar e lembrar
Não há luta sem cessar
Sorrir é necessário para reagir

Hailton Andrade

Timidez laureada

Lógica não é meu forte
Assim de antemão me desculpo
Uma vez ou outra faço isso
Raros são momentos como esse
Às vezes sequer os percebo

Por isso te dou este papel
Indo atrás do meu instinto
Para dizer que você é linda
Antes do meio dia e também depois

Rindo igual rio de águas rasas
Natural até nas mechas verdes

Hailton Andrade

Soneto da tentativa

A saída repentina de casa
Doeu a dor do partir
É como não saber a razão de ir
Embora o preceder seja farsa

O alívio não demora a agir
Logo senti o cheiro da rosa
E embarquei em uma boa prosa
Tudo passou a fluir

Decidi então a hora de fugir
Seria meses depois de estar ali
No lugar onde todos querem subir

Vi nascer a primeira asa
E o que era sofrer demoli
Encontrei a luz na minha musa

Hailton Andrade

Parte do alfabeto

Mar meu mundo
No navio naveguei
Os olhos orbitaram
Para paraísos pertinentes
Quando queriam quereres
Roubar raízes raras
Sabendo sobre sóis
Trabalhando tabus turvios
Uivando uvas usuais
Valendo velas verdes

Hailton Andrade