segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Soneto Desequilibrado

Sempre fui tão sozinho, meu amor
Não fosse a companhia da labuta, o que poderia ser?
Ninguém suporta tanto sofrer
Alguém pra chamar de bem

Com ardor, todo amor dar sem dó nem dor
Um coração exaustivo
Em plena escravidão clamando por abolição
Ebulindo como um vulcão em erupção

Um amor prestes a se libertar
Não tema se entregar, pois assim não há amor
Só ama quem se dá sem dó nem dor

É, meu amor
Como amo e não sei viver sem ser amado
Com calor

Hailton Andrade

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Mané


De Manoel para Manel
De Manel para Mané
São passes dele pra ele mesmo
Num gingado das suas pernas tortas

Correndo pela beirada torta do nosso litoral
Virou paixão nacional
Todos são Manés, eu sou Mané
Mas só há um Mané

Não o Manoel português
Não o Manoel padeiro
É o Manoel que tratam Garrincha
É o amor da bola e dos campos

A paixão inabalável e imortal
Velho e mal das pernas, ainda tortas
Tirou sorrisos às custas do próprio sofrimento
Pobre homem torto, o anjo endiabrado

Era feliz com a bola, pois só ela o entendia
Ninguém mais saberia
Bebeu, fingiu, amou, jogou
Era um pássaro que voava sem se preocupar

Foi caçado e hoje está extinto
Só podemos ouvir seu canto através de contos
Pobre Manoel, Manel, Mané
O pássaro Garrincha

Hailton Andrade