quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Vero

Verdade insolente
Escapada fugaz
Roubada aprazível
Onomatopeia gringa
Nó torto
Ilha sentimental
Ciranda tímida
Alvorada alemã

Hailton Andrade

Expectativa efêmera

Faltam muitas horas
O caminho é largo
Mas eu chego cedo
Embora seja mais um trecho
Aproxima-se algo novo
Cada semana é assim
Tudo é sempre diferente
Não me canso
Ao menos agora
Observo e tento refletir
Me animo e me alegro
Pouco me decepciono
Sempre, todavia, me preocupo
O medo eu não tenho
E quem o tem?
Com ele se convive
Compartilha se quiser
Prefiro a relação discreta
Seguimos rumo ao norte
A busca é por calor
Somos eu e o que sinto

Hailton Andrade

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Divagando

Não é pretensão
Pois digo com razão
Eu sei o que é felicidade

Embora nem sempre a tenha na mão
Vivo plenamente e não em vão
Ignorando a simples adversidade

O difícil não some são
Necessita ser esfarelado como pão
Assim faz o viajante em qualquer cidade

E tenho essa certa predileção
Em dizer mais sim do que não
Me encanta essa coisa de positividade

Hailton Andrade

Lágrimas de um viajante


Me peguei chorando ao mirar a janela do ônibus. O dia estava um tanto frio, chovia lá fora. Minhas lágrimas, entretanto, eram gotas quentes. O choro era um consolo. A saudade, as seguidas despedidas, a emoção de sempre me reencontrar com a surpresa. São essas as razões aparentes. Há algo mais, diria. Só não sei explicar. Pode parecer contraditório, mas o choro, senti, era por tristeza e alegria, irmãs gêmeas que não se parecem em nada. Era como se cada lágrima tivesse seu próprio significado. Quando parou de chover, passei a ver as montanhas e as flores desse princípio de primavera. Parei de chorar. Precisava, mas assim como as sensações desse último mês se comparam como as de um ano, o choro de minutos soam como eternidade. O sorriso tem sido mais frequente. É um alívio, pois assim entendo o quão bem estou nessa jornada. Não uso muito a palavra sentir, mas minha alma conjuga esse verbo de todas as formas a todo momento, de maneira que não preciso usá-lo. Estou livre, sou livre, uma vez que tenho uma rota, mas posso mudá-la. Canso, descanso, digo olá, nunca adeus. Sempre até logo. Aprendi que o reencontro é algo a se buscar na vida. O rever causa uma sensação igual ou similar ao encanto que temos quando criança, quando olhamos algo pela primeira vez e sorrimos. Olho de novo pela janela, enquanto o ônibus segue seu caminho. E aqui, agora, em um quilômetro qualquer, eu paro de escrever.

Hailton Andrade